quinta-feira, 27 de junho de 2013

Os Meninos, Os Pontos e O Dinheiro

Percebemos que os meninos estavam com uma certa necessidade de aprender o valor do dinheiro. Precisavam entender o quanto as coisas valem e como é difícil conseguir mais grana. Não é dando notas de 20 ou 50 reais que se vai conseguir isso. Uma criança com 50 reais é como um adolescente com mil. Dá para comprar coisa demais e na  vida real não é assim.

O ponto alto deles é um brinquedo. Então, temos que mostrar que é difícil comprar um brinquedo, que eles precisam juntar por vários meses até poderem comprar e que os mais caros são mais difíceis de serem adquiridos.

Para isso, implementamos um sistema de pontos. Durante a semana eles precisam cumprir suas tarefas em casa. Algumas quase impossíveis de não serem cumpridas e outras mais complexas. Se não fizerem nada errado, ganham 100 pontos por semana. Ainda existem os pontos extras. Arrumar a cama no final de semana ou ler um livro e fazer um resumo dá pontos extras.

O sistema de pontos passa uma ideia de que o dinheiro só vem se algo for feito para que isso aconteça. Quem faz mais, recebe mais e quem faz menos, recebe menos. Ao final de 4 semanas eles recebem a quantia. São 40 pontos para cada um real. No primeiro mês, o mais comportado conseguiu 10 reais. E o menos comportado, 5.

Com isso, passamos a dizer que, se querem comprar, devem usar o próprio dinheiro para fazê-lo e devem parar de pedir as coisas. Essa estratégia parece estar funcionando muito bem. A partir da implementação dos pontos, mesmo antes do primeiro pagamento, já começamos a por a ideia em prática.

Dudu já tinha 6 reais guardados e queria comprar uma lapiseira. Ele demorou 3 semanas até lembrar que deveria separar as moedas e levá-las até a papelaria para comprar. Ele so lembrava quando passava em frente à loja. Um dia antes da compra, ainda sem o dinheiro, fomos lá e ele perguntou o preço da lapiseira. A moça falou que custava 7,90.

A cara dele foi impagável. "Isso tudo? Mas eu só tenho 6. Não tem nenhuma mais barata não?" A moça respondeu: "tem, mas é ruinzinha. Essa aqui custa 2 reais e vem só com um grafite. A caixa com mais grafites custa 2,90."  Então ele escolheu comprar aquela lapiseira mais em conta e a caixa de grafite, mas isso aconteceria no próximo dia.

Aí, a Tia do colégio falou para que ele comprasse uma lapiseira 0,9, porque é mais grossa e o grafite não quebra durante a escrita. No dia seguinte ele lembrou de levar o dinheiro e foi comprar uma dessas. Custava 4 reais. Sua decisão foi de comprar, mas não quis pagar o grafite para não ficar sem dinheiro algum.

Esse foi o primeiro momento em que ele se deparou com o problema da escassez de recursos, onde se viu tendo que escolher entre gastar mais ou menos, comprar algo melhor ou pior, ficar com ou sem dinheiro para comprar outra coisae decidiu por deixar o grafite para outro momento, quando for realmente necessário.

Mais coisas já aconteceram depois do primeiro pagamento referentes aos pontos, mas vou contar em outro momento.

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